Fundada há 35 anos, em Joinville, empresa comanda 81 hotéis de bandeiras como Ibis e Novotel, e fatura R$ 812 milhões
Um novo hotel Ibis Budget deve ser inaugurado em dezembro ao lado do Aeroporto Intermacional de Guarulhos, um investimento de R$ 100 milhões. O Ibis é uma bandeira de baixo preço da rede hoteleira francesa Accor, a maior da Europa, mas a administração do seu novo hotel ficará a cargo de uma empresa brasileira - a Atrio Hotel Management.
Projetado para ter 270 quartos, o investimento está sendo bancado em conjunto pelas duas empresas e ainda pela incorporadora e construtora Paes & Gregori, responsável pela obra. Esse não é o único projeto em estágio avançado da Atrio.
A empresa está preparando um ibis Styles - antiga marca All Seasons e a mais sofisticada da linha Ibis em Maragogi, próximo a Maceió. A Atrio também terá dois hotéis de marca independente em Florianópolis. A meta é atingir 150 hotéis sob gestão até 2027. "
A fase é de crescimento seletivo. Estamos buscando mercados que podem abrigar hotéis com mais de 150 quartos, em capitais e centros turisticos", diz o CEO e um dos donos da Atrio, Beto Caputo. "Queremos ser sócios de empresas que desenvolvem e constroem hotéis, e o o perfil de hotéis que procuramos são aqueles voltados para mercados primários, com espaços de eventos robustos. Também estamos olhando com muita atenção os principais destinos turísticos do Brasil."
A Atrio pode não ser conhecida quanto as marcas que administra, mas passo a passo se tornou a terceira maior administradora de quartos de hotéis do mercado brasileiro, sendo a maior entre as de capital 100% nacional. Fundada há 35 anos, em Joinville (SC), administra atualmente 81 hotéis e mais de 12 mil quartos, com faturamento anual de R$ 812 milhões. E é uma das empresas com acordo para administrar, no Brasil, hotéis com bandeiras da Accor.
Estratégia: Empresa se expandiu em cidades de médio porte, e agora mira os hotéis em aeroportos
Em números de quartos administrados, fica atrás apenas da própria Accor e da Atlantica Hotels que há uma década recebeu aportes de dois fundos internacionais, o Tao Capital e o Quantum Strategic, do grupo do investidor George Soros. O ranking faz parte do estudo anual da JLL (Jones Lang LaSalle), realizado para o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil e Resorts Brasil.
No setor hoteleiro, é comum que grandes redes internacionais, como Accor, Hilton, Hyatt e Wyndham, administrem os principais hotéis de suas redes. Em especial, das bandeiras de maior luxo, enquanto outras unidades são administradas por parceiros. A Accor, por exemplo, detém bandeiras ibis e Hotel F1 (de mais baixo custo), Novotel e Mercure (de médio) e outras mais sofisticadas, como Grand Mercure, Sofitel e Fairmont.
A Atrio se expandiu em cidade de médio porte e tem buscado crescer em hotéis em aeroportos, que Caputo acredita terem maior potencial. Um grande salto da empresa aconteceu em 2018, quando comprou e assumiu 16 hotéis da HSI (Hemisfério Sul Investimentos). "Optamos por descontinuar a marca e transformar as unidades em ibis Styles", conta.
Surpreendentemente, a expansão se consolidou durante a pandemia, um dos momentos mais duros para o setor hoteleiro sofria, a Atrio aproveitava para se fortalecer. "Entramos na pandemia com 55 hotéis, e saímos com 70, em dezembro de 2022", conta o empresário. "Quando começou a pandemia, tivemos uma leitura rápida do que ia acontecer. Em duas semanas, entramos em hibernação e, com isso, fizemos uma economia grande.
O Faturamento, que em 2020 foi de R$139 milhões, no ano passado chegou a R$ 777 milhões, e a expectativa é fechar com 2024 com R$812 milhões. Segundo a JLL, o setor já voltou a ter taxa de ocupação acima do período pré-pandemia - a média de ocupação dos hotéis no ano de 2023 foi de 60,8% acima do nível pré-pandemia. Em 2019, foi de 60,2% e caiu para 26,5%, em 2020, ano da eclosão da pandemia.
O caminho desde então, contudo, não foi tranquilo. As enchentes no Rio Grande do Sul, onde a Atrio administra 12 hotéis, foram um novo desafio. A reabertura em outubro do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre, foi um passo essencial à retomada dos negócios.
Fonte: Carlos Eduardo Valim | O Estado de S. Paulo - Economia & Negócios - SP - B8 - 25/11/2024
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